A face, ou o rosto, é uma janela para o mundo, que revela muito sobre o que somos e como nos sentimos. Trata-se de uma região delimitada pelos espaços entre testa e queixo e de uma orelha à outra. Procedimentos estéticos, invasivos ou não, podem trazer ótimos resultados, e melhorar a autoestima e a qualidade de vida dos pacientes. No entanto, exigem qualificação e preparo. Afinal, na face existem estruturas nobres que, quando lesadas podem gerar sequelas irreversíveis para os pacientes. Portanto, o conhecimento da anatomia da face é fundamental.
Os músculos da face são responsáveis pela mímica facial e têm a peculiaridade de inserirem na pele. Assim, com a contração dessa musculatura, formam-se as rugas de expressão ao longo do tempo. O domínio desta anatomia é importante na aplicação da toxina botulínica, pois aplicação em determinados grupos musculares pode gerar efeitos inestéticos temporários na face.
A inervação da face é dividida em sensitiva e motora. A inervação sensitiva é feita predominantemente pelo nevo trigêmeo, que se divide em diversos “ramos”, que correm por planos mais superficiais. A inervação motora pelo nervo facial costuma correr em planos mais profundos, exceto áreas que superficializam e têm maior risco de serem lesionados. Seccionar um nervo sensitivo é menos grave do que seccionar um nervo motor.
O conhecimento anatômico é essencial na realização de procedimentos cirúrgicos e no uso de algumas tecnologias. Pode evitar lesões desses nervos em locais onde se superficializam e em seus trajetos mais comuns. A lesão de nervos motores pode trazer assimetrias faciais permanentes.
A vascularização da face deriva principalmente da artéria carótida externa, com uma pequena contribuição da artéria carótida interna. Na face, esses vasos geram uma rede de anastomoses que interconecta o sistema carotídeo externo com o sistema carotídeo interno que irriga sistema nervoso central e retina.
Em procedimentos estéticos, como o preenchimento com ácido hialurônico, deve-se atentar para o risco de embolização desses vasos, pois pode trazer consequências como cegueira e necrose tecidual. Áreas como a região da glabela e nasal são consideradas de maior risco, pois são irrigadas por vasos com anastomoses, com a artéria oftálmica podendo provocar cegueira por oclusão vascular.
Tudo isso significa que, na prática da Cirurgia Dermatológica, conhecer a anatomia vascular ajuda a realizar procedimentos com menor sangramento e menores taxas de hematomas.
Portanto, o conhecimento da anatomia facial é imprescindível para médicos que trabalham com procedimentos estético invasivos e cirurgias, e representa um grande diferencial desses profissionais. Conhecer bem a anatomia e se atualizar constantemente traz mais segurança, melhores resultados e minimiza o risco de possíveis complicações nos procedimentos.
Texto desenvolvido pela dermatologista Vanessa Carvalho Lacerda (CRM-BA 23671 RQE 13883)