Usos não cosmiátricos de toxina botulínica em Dermatologia

 

A toxina botulínica tipo A tem sido usada há mais de 20 anos no tratamento de diversas condições neurológicas e tratamentos estéticos. No entanto estudos recentes demonstram sua eficácia além da Dermatologia cosmiátrica.

Com base no conhecimento prévio de que o sistema nervoso participa diretamente da inflamação cutânea e no processo de cicatrização, atualmente estudos tem sido conduzidos para exploração do potencial da injeção de toxina botulínica não somente no controle da sudorese excessiva localizada (hiperidrose), mas também do “flushing”(vermelhidão) facial, na prevenção de cicatrizes, no tratamento da dor neurálgica e de algumas dermatoses inflamatórias como a psoríase.

Um fator determinante no aspecto estético de uma cicatriz pós cirúrgica é a tensão dos tecidos ao redor da mesma no momento da cicatrização. A aplicação de toxina botulínica no pós operatório imediato elimina a tensão muscular, modula a ação dos fibroblastos e reduz a inflamação, fatores que podem contribuir para uma melhor cicatrização.

Seu uso para controle do “flushing”(vermelhidão), da hiperidrose facial e na redução da produção de sebo tem se demonstrado eficaz e seguro, quando injetado com dose e técnica adequadas. A área de tratamento é definida após avaliação clínica e recebe aplicação tópica de creme anestésico previamente a aplicação. A injeção deve ser intradérmica com uso de doses menores (micro-dose) que as habituais, apresentando um tempo de duração de resultados de em média 4 meses.

No campo da Dermatologia, a neuralgia pós herpética é o principal exemplo do uso de toxina botulínica para controle da dor. A neuralgia pós herpética é uma complicação frequente do Herpes Zoster, definida como uma dor crônica que persiste por mais de 90 dias, acometendo um dermátomo da pele (faixa da pele) onde ocorreu a infecção primária. A toxina botulínica é uma das possibilidades terapêuticas, devendo ser aplicada com
injeções intradérmicas em toda extensão da área de dor. O tratamento reduz consideravelmente o nível da dor e leva a uma melhora significativa na qualidade de vida dos pacientes.

Texto desenvolvido pela Dra. Carla Pecora, dermatologista,  CRM-SP 78977 | RQE 56368 SP